Padrões Disfuncionais
Lesões Típicas do Esgrimista
Texto de: Hélder Borges
Antes de iniciar esta rúbrica gostaria de em primeiro lugar desejar aos atletas, treinadores e a todos os que estão ligados à Federação Portuguesa de Esgrima um ano de 2022 repleto de dedicação, resiliência e consecução de magníficos resultados desportivos.
Na rubrica anterior, Handicaps na performance do esgrimista, consignei através de uma visão holística e filosófica 2 aspetos:
- O ser humano, fruto de um longo processo evolutivo tem uma natural tendência para ser assimétrico, visto que a distribuição orgânica no organismo assim o é e que em qualquer circunstância postural serão respeitados hierarquicamente 3 requisitos fundamentais à sobrevivência:
– Garantir a homeostasia;
– Garantir o maior conforto possível
– Garantir o menor custo energético possível
- Aquando submetido a sistemáticos movimentos assimétricos decorrentes de qualquer modalidade assimétrica, é muito fácil desenvolver determinados desequilíbrios neuromusculares, que com o decorrer do tempo podem culminar em lesões afastando os atletas do foco competitivo, dos treinos e das competições.
Há décadas que diversos profissionais de renome das seguintes áreas: medicina, fisioterapia, osteopatia, fisiologia e do treino se focam no estudo e compreensão de determinados padrões que levam ao surgimento de lesões no âmbito físico e desportivo.
Nesta rúbrica irei debruçar-me sobre os padrões disfuncionais do ser humano contemporâneo esclarecidos pelo checo Vladimir Janda:
Segundo Janda, existe uma tendência natural para que ocorram estas síndromes. Segundo ele, determinados músculos tendem a estar curtos/tónicos/fortes/facilitados e outros (os seus respetivos antagonistas) tendem a estar fracos/longos/inibidos.
Também o osteopata John Guibbons reforça a mesma ideia, ilustrando o seguinte:
Segundo estas duas referências, podemos distinguir 2 tipos de músculos: os tónicos (predominância de fibras tipo I) e os fásicos (predominância de fibras tipo II).
Os músculos Tónicos tendem a influenciar os seus antagonistas inibindo o seu potencial de ação.
O quadro seguinte mostra a constituição, a tendência disfuncional e a correção dos dois tipos de músculos (posturais e motores):
Posto isto, a minha proposta vai no sentido:
Antes de iniciar qualquer tipo de prescrição de exercício/treino, o treinador deverá começar por avaliar a funcionalidade dos atletas de forma individual e, caso sejam detetados algum tipo de padrão disfuncional, começar pela correção dos mesmos, inibindo/relaxando em primeiro lugar os músculos que estão hipertónicos e só depois focar na ativação dos músculos que estão inibidos/fracos.
Para o relaxamento dos músculos hipertónicos existem várias técnicas: Inibição de Trigger Points, Libertação miofascial; alongamentos activos, Técnicas músculo energéticas, PNF…
Na próxima rubrica irei abordar a minha estratégia de eleição para o relaxamento muscular – Técnicas Neuromusculares Músculo Energéticas.
Um abraço a todos e até à próxima rubrica